Muniz Freire em Crise: Justiça Eleitoral Absolve Prefeito Dito e Vice Dr. Wanokzor, mas PSB Segue Ameaçado com Risco de Perda de Mandatos e Desarticulação Política

 

MUNIZ FREIRE (ES) – O município de Muniz Freire mergulha em um ambiente de crescente tensão política após novo capítulo na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) nº 0600512-06.2024.6.08.0019. Em decisão proferida pelo juiz eleitoral Marcelo Coutinho, foram sumariamente absolvidos o Prefeito Dito (PSB) e seu Vice, Dr. Wanokzor (MDB), sendo ambos excluídos do polo passivo da referida ação.

 

A medida representa um alívio momentâneo para o Executivo, mas está longe de encerrar a tormenta política que se desenha na cidade. Isso porque o processo judicial prosseguirá em face do candidato Claudimar Crescencio Catarinozi Carvalho (PSB), cuja conduta ainda será analisada pela Justiça Eleitoral.

 

A depender do julgamento final, os votos atribuídos ao PSB na eleição proporcional poderão ser anulados, o que acarretaria em perda imediata dos mandatos dos vereadores Daniel Elias (PSB) e Ailton Vial (PSB). Ambos são considerados os principais sustentáculos da base aliada do Prefeito Dito na Câmara Municipal.

 

Caso o desfecho da AIJE seja desfavorável ao PSB, o impacto político será profundo e imediato. A recomposição do coeficiente eleitoral poderá levar partidos de oposição a ganharem assentos na Casa Legislativa, alterando de forma drástica a atual composição e promovendo uma nova correlação de forças. A base do governo, que já vinha sofrendo desgastes internos e externos, poderá ruir por completo.

 

Repercussão e Instabilidade Política

 

Nos bastidores, o clima é de insegurança e movimentação intensa. Crescem rumores de que o Prefeito Dito, já enfraquecido politicamente, poderá ser alvo de processo de cassação na Câmara Municipal. Segundo fontes com trânsito livre no Legislativo, articulações já estariam em curso visando instaurar um processo político-disciplinar que pode culminar com a perda de mandato do chefe do Executivo.

 

O afastamento iminente de dois vereadores da legenda socialista representaria um golpe direto na governabilidade de Dito, que ficaria isolado politicamente. A ausência de respaldo legislativo inviabilizaria projetos, comprometeria a execução de políticas públicas e abriria espaço para o avanço da oposição.

 

A crise é intensificada por uma série de desgastes anteriores na relação entre Executivo e Legislativo, bem como por um sentimento de frustração em parte da população, que vê com preocupação o avanço de processos judiciais envolvendo atores centrais da administração pública municipal.

 

Absolvição não Dissipa as Nuvens

 

Embora a decisão do juiz Marcelo Coutinho tenha reconhecido a inexistência de elementos que justificassem a permanência do Prefeito e de seu Vice na ação judicial eleitoral, a permanência do processo em face de Claudimar Catarinozi mantém a instabilidade no ar. Em termos jurídicos, a exclusão de Dito e de Wanokzor do polo passivo não impede que as consequências da eventual condenação de Claudimar atinjam toda a coligação, incluindo os eleitos pela legenda.

 

Assim, mesmo que não se atribua responsabilidade direta ao Prefeito na suposta irregularidade investigada, o efeito prático de eventual condenação pode ser devastador para o grupo político que o sustenta.

 

Cenários Futuros

 

Em caso de procedência da ação, o PSB perde o direito aos votos que recebeu, tornando nula a eleição de seus candidatos proporcionais. Com isso, Daniel Elias e Ailton Vial seriam automaticamente afastados, e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) teria de refazer a distribuição das vagas com base no novo coeficiente eleitoral.

A depender de como se reconfigurar a Câmara Municipal, a oposição poderá conquistar maioria absoluta, abrindo caminho não apenas para obstruções sistemáticas ao Executivo, mas também para um eventual processo de cassação política do prefeito Dito.

Ironia do destino ?

 

A Justiça tirou Dito e Wanokzor da ação, mas deixou a bomba relógio armada no colo do PSB. Se explodir, levará junto os dois únicos pilares que ainda sustentam o governo na Câmara. E quanto ao Prefeito, mesmo tendo escapado da Justiça Eleitoral, talvez não escape da aritmética parlamentar – aquela onde dois menos dois pode significar zero apoio e um bilhete só de ida ao tribunal político da Câmara Municipal. Ironia do destino ou apenas a matemática implacável da política local?

 

O tempo dirá. E ele costuma ser cruel com quem perde a maioria.