Papa Francisco morre um dia após a Páscoa, aos 88 anos, confirma o Vaticano.

Jorge Mario Bergoglio foi eleito Papa em 13 de março de 2013, após a renúncia do Papa Bento XVI, tornando-se o 266º pontífice da Igreja Católica.

 

O Papa Francisco morreu na manhã desta segunda-feira de Páscoa (21), aos 88 anos, em sua residência no Vaticano. Sua morte ocorreu um dia após o Domingo da Ressurreição, data mais importante do calendário cristão.

O anúncio foi feito às 9h45 (horário local) pelo cardeal Kevin Farrell, responsável pela administração do Vaticano durante a ausência do Papa. Ele informou que o Papa faleceu às 7h35 e destacou a dedicação de Francisco à Igreja e aos mais pobres ao longo de sua vida.

 

Francisco havia sido internado no Hospital Gemelli, em Roma, no dia 14 de fevereiro, com bronquite. Seu quadro se agravou e, no dia 18 de fevereiro, foi diagnosticado com pneumonia nos dois pulmões. Após 38 dias internado, ele retornou ao Vaticano para continuar a recuperação, mas seu estado de saúde não melhorou.

 

Desde jovem, Francisco lidava com problemas respiratórios. Em 1957, ainda na Argentina, precisou remover parte do pulmão devido a uma infecção grave.

 

Em abril de 2024, o Papa havia aprovado uma nova versão do ritual litúrgico para funerais papais, que será usado em sua cerimônia fúnebre. A data do funeral ainda não foi anunciada.

 

Ele foi eleito Papa em 13 de março de 2013, após a renúncia do Papa Bento XVI, tornando-se o 266º pontífice da Igreja Católica e soberano do Estado da Cidade do Vaticano.

 

Nascido em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina, seu nome de nascimento é Jorge Mario Bergoglio. Seu pai, Giuseppe Bergoglio Vasallo, emigrou da Itália na década de 1920. Sua mãe, Regina María Sivori, também tinha raízes italianas.

 

O Papa é o mais velho de cinco irmãos, dos quais apenas uma, Maria Elena, ainda está viva e reside na Argentina. Francisco foi o primeiro Papa nascido na América Latina o primeiro pontífice do hemisfério sul. Também foi o primeiro Papa não europeu em mais de 1.200 anos (o último havia sido o sírio Gregório III, falecido em 741) e o primeiro líder da Igreja Católica jesuíta da história.

 

Autor de diversos livros ao longo dos anos, como “Sobre o Céu e a Terra” (2010) e “Laudato Si: Sobre o Cuidado da Casa Comum” (2015), Francisco destacou seu papado em temas como misericórdia, justiça social, meio ambiente, promoção do diálogo inter-religioso e reforma interna da Igreja, com ênfase na transparência e na luta contra abusos.

 

Posições políticas

 

O posicionamento político do Papa Francisco é considerado por muitos como sendo de esquerda. Ele chegou a afirmar que “são os comunistas os que pensam como os cristãos”, ao responder sobre se gostaria de uma sociedade de inspiração marxista, em entrevista publicada nesta sexta-feira no jornal italiano “La Repubblica”.

 

“São os comunistas os que pensam como os cristãos. Cristo falou de uma sociedade onde os pobres, os frágeis e os excluídos sejam os que decidam. Não os demagogos, mas o povo, os pobres, os que têm fé em Deus ou não, mas são eles a quem temos que ajudar a obter a igualdade e a liberdade”, explicou em entrevista ao jornalista ateu e esquerdista, Eugenio Scalfari, a quem ele chamava de “amigo”.

 

Em 2022, o Papa expressou sua posição ideológica de maneira clara e inequívoca. Em uma entrevista ao portal jesuíta “America Media”, quando perguntado por Matt Malone sobre o que diria àqueles que o chamam de comunista, ele respondeu:

 

“Se vejo o Evangelho apenas de maneira sociológica, sim, sou comunista, e Jesus também.”

 

Stephen Moore, economista-chefe do centro de estudos conservador The Heritage Foundation, em Washington, declarou: “Há muito ceticismo entre os católicos americanos”.

 

Moore, que se diz católico, acusa o pontífice de ter “claramente tendências marxistas”.

 

“É inquestionável que ele tem se mostrado bastante cético em relação ao capitalismo e ao livre mercado, e eu acho isso muito preocupante”.

 

O radialista conservador Rush Limbaugh foi direto ao ponto, ao descrever a exortação apostólica do Papa Francisco Evangelii Gaudium (“A Alegria dos Evangelhos”) como “puro marxismo”.

 

Agenda Woke

 

O Papa Francisco é reconhecido por sua abordagem inclusiva e progressista em várias questões sociais, muitas delas frequentemente associadas à agenda “woke”.

 

Suas opiniões sobre questões de diversidade sexual têm sido amplamente divulgadas. Francisco demonstrou aceitação da prática homossexual, acolhendo pessoas trans no Vaticano e apoiando ativistas católicos que trabalham pela inclusão.

 

Em dezembro de 2023, Francisco aprovou o “Fiducia Supplicans”, um documento que autoriza a bênção de casais do mesmo sexo e outros casais em situações consideradas “irregulares”. Além disso, a medida estabeleceu que pessoas transgêneros podem ser batizadas e atuar como padrinhos.

 

Em janeiro deste ano, o Vaticano aprovou diretrizes que permitem homens homossexuais se tornarem padres, em mais uma abertura à comunidade LGBT, segundo a Reuters.

 

A nova medida, publicada discretamente no site da Conferência Episcopal Italiana afirma que gays poderão ingressar no

seminário desde que se abstenham de relações sexuais.