PROFESSORES EM ESPERA, SINDICATO EM SILÊNCIO E BASTIDORES EM CHAMAS: A REUNIÃO DO DIA 14 É SÓ A PONTA DO ICEBERG POLÍTICO EM MUNIZ FREIRE

Depois de incontáveis adiamentos, promessas quebradas e um silêncio cúmplice, o sindicato dos servidores municipais de Muniz Freire finalmente resolveu lembrar da existência dos professores contratados. Agendou, para esta quarta-feira, 14 de maio, uma reunião que promete pouco — e esconde muito. A pauta é conhecida: a situação precária dos contratados. Mas a pergunta que deveria nortear a discussão é outra: a quem interessa esse jogo de empurra?

Por trás dessa súbita “preocupação” com os professores, o que se vê é uma encenação estratégica, marcada por omissão institucional, interesses pessoais, vaidades descontroladas e uma traição escancarada à categoria. A classe docente está sendo feita de boba. E o sindicato, que deveria ser trincheira de defesa, virou escada para os projetos frustrados de um advogado omisso e de figuras políticas que enxergam no sofrimento da categoria uma oportunidade eleitoral.

O que era para ser uma mobilização legítima por direitos virou palco para vaidades, covardias silenciosas e articulações voltadas para 2028. O movimento hoje respira por aparelhos, contaminado por interesses alheios à causa dos professores — que, mais uma vez, são reduzidos a massa de manobra em um jogo político rasteiro.

No centro dessa encenação está o vereador Bruno Feletti (PDT) — eleito com os votos maciços da educação, mas já empenhado em transformar sua cadeira na Câmara em trampolim para a Prefeitura. Mal esquentou o assento e já se autoproclamou pré-candidato a prefeito em 2028. Uma antecipação tão desavergonhada quanto desrespeitosa diante dos problemas reais da cidade.

Sua ânsia eleitoral, no entanto, esbarra em obstáculos dentro do próprio partido, o PDT, que passa por um processo de desintegração em nível nacional após a queda do presidente Carlos Lupi, em razão da operação da Polícia Federal, no último dia 23 de abril, que apura possíveis fraudes no INSS. Nesse sentido, o veterano Evandro Paulucio é nome consolidado e não abre mão. Márcia, do grupo do Dr. Delson (PSD), também se movimenta. E há ainda o nome natural da sucessão: o vice-prefeito Dr. Wanokzor (MDB), com perfil técnico, respaldo político e legitimidade para liderar o município após a gestão do atual prefeito. Há também o Secretário – já condenado criminalmente por fraude em licitações – Marciano Areias e o Vereador Daniel Elias (ambos do PSB), apoiados pelo atual chefe do Executivo.

E em meio a esse tabuleiro? O sindicato, que prefere proteger bastidores a enfrentar as demandas reais da categoria. Seu advogado, contratado para defender os professores, transformou-se num figurante de luxo. Não move ações, não escreve petições, não articula nada. Só repete chavões em reuniões mornas e inconclusivas. A omissão já beira o escárnio.

Mas há um motivo para tanto silêncio. O advogado não é apenas desafeto do prefeito Dito (PSB) — é inimigo fidagal do vice-prefeito Dr. Wanokzor (MDB). E como qualquer avanço na pauta dos professores pode, direta ou indiretamente, favorecer um de seus desafetos políticos, a estratégia é clara: enrolar, procrastinar e fingir atuação.

O jogo é de espera. Caso o prefeito venha a sofrer algum revés inesperado, a eventual ascensão do vice-prefeito Dr. Wanokzor (MDB) — procurador de carreira, com estabilidade e que não depende da política como profissão — poderia redesenhar completamente o cenário político. E isso, ao que tudo indica, não interessa nem àqueles que hoje recebem vultosos honorários advocatícios para não fazer absolutamente nada, tampouco ao vereador Bruno Feletti (PDT), eleito com os votos da educação e já mergulhado em cálculos eleitorais para 2028.

Melhor, então, empurrar com a barriga, fingir atuação e manter o tabuleiro parado. O preço? Quem paga são os professores — com contratos precários, direitos ignorados e, claro, vultosos honorários advocatícios pagos religiosamente pelo sindicato. Essa é a realidade nua e crua.

A reunião do dia 14? Será mais um espetáculo. E lá estará ele — com sua pasta cheia de vento, pronto para repetir os mesmos chavões de sempre. Talvez arrisque uma nova frase de efeito, algo além do já clássico “vamos estudar o caso”. Fala, gesticula, cita um artigo vago, termina com um “estamos atentos”. Palmas tímidas, bocejos contidos. E os professores? Continuam sem resposta, mas agora com entretenimento jurídico gratuito. O público, claro, já conhece o roteiro: ele culpa os outros e termina com promessas vazias. A plateia? Sai cansada — mas sem novidade.

Nos bastidores, ele segue empenhado na única função que exerce com excelência: equilibrar seu rancor entre o prefeito e o vice-prefeito. Um talento raro, de fato. Difícil mesmo é entender como ainda não criaram um cargo à altura: advogado ornamental de sindicato, com direito a fala garantida e atuação nula. A boa notícia? Pelo menos ele é coerente: quando o assunto é defender os professores, ele nunca decepciona. Nunca faz absolutamente nada. E nisso, é de uma coerência admirável.

Muniz Freire tem professores qualificados, profissionais que merecem respeito e valorização. Já o sindicato… tem um advogado que fala muito, faz pouco — e ainda acha que ninguém percebe. Mas sejamos justos: ele é um mestre na retórica. Fala bonito, não faz nada e ainda cobra vultosos honorários por isso. Trata-se de um verdadeiro poeta do nada jurídico.

Ou seja, em Muniz Freire, o que deveria ser luta de classe virou palanque eleitoral antecipado. E o sindicato, que deveria ser escudo da categoria, virou sala de espera para projetos pessoais.

O movimento, antes legítimo, hoje respira com dificuldade, tomado por interesses alheios à causa dos professores — que, mais uma vez, são usados como massa de manobra em nome de projetos de poder.

Chega de teatro. Os professores não são escada de ninguém!

E quanto ao advogado do sindicato, fica o registro: sua maior contribuição até hoje foi provar que é possível ocupar um cargo, receber por ele, aparecer em todas as fotos — e ainda assim não deixar nenhum vestígio de trabalho. Um fenômeno da omissão, um artista do disfarce jurídico. Em tempos de inteligência artificial, ele representa bem a velha e ultrapassada inteligência inercial: aquela que não age, não pensa e não resolve. Mas fala — e como fala! Pena que, no final, suas palavras têm o mesmo efeito de uma reunião do sindicato: muito barulho, nenhuma consequência.

Talvez ele ache que ninguém percebe. Mas a categoria está atenta. A cidade está vendo. E os professores, esses sim, já entenderam: quando a defesa da causa fica nas mãos de quem tem mais vaidade do que coragem, o resultado é sempre o mesmo — uma eloquente defesa do nada.